segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Gravidez na Adolescência

Por Amélie e Thor

Segundo o Ministério da Saúde, 25% dos partos feito no país, são de jovens de 10 a 20 anos de idade. O que representa um número de 1,1 milhões de adolescentes grávidas. Como explicar esse índice alto, em uma época que a informação circula de forma tão acessível? Se antigamente essa era uma desculpa favorável, hoje já não se pode dizer que adolescentes e crianças, não tenham o mínimo de conhecimento sobre métodos de prevenção. Então, porque será que o índice de gravidez na adolescência só tem aumentado? M.F., de 17 anos, têm a resposta. “O problema dos adolescentes de hoje não é a falta de informação e sim de comunicação com os pais, como no meu caso”.


Ela explica que muitas vezes, os pais dos jovens criam um “tabu” de que eles não podem ter relações sexuais com seu namorado, já que isso seria “coisa de pervertida”. E criam, assim, uma barreira para o jovem ir a um médico e mesmo escolher um método contraceptivo. Ela engravidou aos 16 anos, após pouco mais de um ano de relacionamento. “Meu namorado apoiou a gravidez. Em nenhum momento ele me deixou como muitos garotos fazem”. Os casos de abandono dos pais das crianças são muito comuns.


O que dificulta a aceitação da jovem, aumentando as tentativas de aborto e suicídio. M. diz que, logo após descobrir a gravidez, queria o aborto. Só não concluiu, por não encontrar remédios abortivos. “No momento que a gente descobre e imaginamos como nossos pais vão reagir, é a primeira coisa que pensamos”. Uma pesquisa realizada pela Unicamp, em 2000, no estado de São Paulo mostra que 13% das adolescentes grávidas tiveram pensamentos suicidas. Eles são ocasionados por depressão. Ou mesmo pelo fato das jovens terem sido abandonadas pelo namorado.


A diretora de uma escola, afirma que, por ano, o estabelecimento de ensino recebe um ou dois casos de gravidez. Ela explica que as estudantes, normalmente com idade entre 15 e 17 anos, têm direito a quatro meses de licença maternidade, constituídos por lei. Nesse período, fazem trabalhos em casa, para não terem o currículo escolar prejudicado. Na escola, segundo a diretora, são oferecidas aulas de educação sexual no contexto da matéria de biologia. Além de programas em parceria com universidades para fornecer orientação aos alunos.


Para a diretora “quando a gravidez é muito precoce, pode ser por falta de informação. Porém, quando é mais tarde, é descuido mesmo.” E ainda considera: “Com a liberação sexual que temos hoje em dia, eu não me surpreendo mais.” Hoje, com licença da faculdade e uma filha de pouco mais de dois meses, M. diz com orgulho: “Há pessoas que vêem a gravidez como impedimento. Eu não. Tenho ainda mais vontade de estudar. Preciso dar um futuro a ela.” E critica: “quando fazemos coisas que a sociedade não está acostumada, você conhece realmente as pessoas. Elas têm medo do diferente”

Nenhum comentário:

Postar um comentário